Meu nome é Beatriz, sou de Santos-SP, tenho 16 anos, tenho baixa-visão congênita (em média 5% da visão.)
A deficiência visual nunca me impediu de estudar ou de correr atrás dos meus sonhos, mas me deparei com um obstáculo. Nos últimos dias, vivi situações de revolta e me surpreendi com a falta de respeito e descriminação, estou no primeiro ano do ensino médio. No ensino fundamental sempre tive uma professora de recursos que ampliava as lições do livro pra mim fonte 36, mas, o ensino médio não é por conta do município e sim do estado.
O estado não fornece auxiliar, nem sala de recursos, e nem o material ampliado. Eu estou matriculada em uma escola estadual tenho um amigo que dita a lição da lousa para mim, mas, esse ano estamos em salas separadas. A minha mãe foi na escola conversou com o diretor para que ele me mudasse pra sala do meu amigo e não mudaram.
Minha mãe falou que eu precisava de uma auxiliar e ele disse que para eu conseguir uma auxiliar teria que arrumar um advogado e que só era pra eu ir quando tivesse uma auxiliar porque se acontecesse alguma coisa a escola não se responsabilizava. No dia seguinte minha mãe procurou uma escola particular. Conheci a escola e eles falaram que teriam como me receber, mas, que no dia seguinte eu teria que ir fazer uma prova pra ver como está o meu aprendizado e eles iriam ampliar a prova no tamanho que eu enxergo, mas, chegando lá a moça nem sabia ampliar a prova!
Solicitei uma prova com fonte 36 e ela ficou mais de uma hora pra ampliar e quando acabou veio com uma fonte que era no MÍNIMO 16.
Meu tio teve que ler a prova toda pra mim! (E quando você lê a sua própria prova você consegue entender melhor do que com um ledor.) Ou seja, na escola pública não tem recurso e a única escola particular que me aceitou não sabem nem ampliar uma prova.
Até quando vamos fazer de conta que se faz inclusão? Até quando os estudantes com deficiência serão prejudicados dessa maneira? Sinceramente, já estou cansada de palavras bonitas, de belos discursos, e do esforço tremendo para promover a inclusão que só existe em palavras.
Será que vocês podem me ajudar a publicar e compartilhar isto? Preciso muito voltar para uma escola que me aceite em minhas condições!
Beatriz