Lixo retirado dos canais de Santos impressiona pela variedade.

A quantidade de lixo retirada dos canais de Santos, no litoral de São Paulo, é muito grande. Mas o que mais impressiona os trabalhadores que removem todo esse entulho é a variedade dos ‘produtos’. Não é nenhum exagero dizer que já saiu de tudo das águas dos sete canais da cidade. Latas de bebida e sacolas de supermercado são apenas a ponta de um iceberg composto também por celulares, relógios, cds, aquários, armas e até mesmo crânios humanos.

Os canais de Santos são uma das marcas da cidade e também servem para auxiliar na localização dos moradores, já que cortam o município de uma ponta a outra. A obra de drenagem de águas fluviais e das marés foi criada pelo engenheiro Saturnino de Brito no início do século XX, e é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

A limpeza é realizada pela prefeitura e envolve dezenas de profissionais que se revezam. Da região da Ponta da Praia à Zona Noroeste, todos os canais são limpos e a sujeira é retirada. Após ser retirado, o material é colocado em sacos de lixo e recolhido por um motorista que acompanha as equipes. O trabalho é realizado de segunda a sábado, e os limpadores ficam em média 6 horas por dia executando o serviço.

Uma das profissionais que realizam o trabalho é Tamires Souza da Silva. Ela conta que já encontrou até um aparelho de geolocalização dentro do canal. “A gente já achou peças de carro, celular, sofá, guarda-roupa, patins e roupas. O canal da Campos Salles, perto do Mercado Municipal da cidade, é o que tem mais coisas diferentes. Tem de tudo por causa de uma feira que tem lá perto e eles jogam muito lixo.”

Mas, no meio de tanto lixo, aparecem itens reaproveitáveis e que os limpadores acabam reutilizando. Entre a sujeira já apareceram objetos como relógios e eletrodomésticos. Até uma torradeira embrulhada para presente já foi encontrada. Os profissionais acreditam que ela foi parar lá após uma briga de casal. Tamires conta que as surpresas não param por aí. “Já achei sapato, bolsa, roupa. Já encontraram anel de ouro, de prata. Às vezes não está nem dentro da água. Tem muita coisa que dá para aproveitar”, diz.

A profissional conta também que o trabalho pode ser perigoso. “Minha mãe, que também trabalhava na limpeza, teve a perna perfurada por uma agulha e até fez tratamento para não ter nenhuma doença. Tem também os moradores de rua que usam drogas e, às vezes, reclamam, mas a gente não dá atenção para não acontecer nada mais grave. Alguns limpadores já ficaram bravos e xingaram os moradores, mas é melhor evitar, pois pode acontecer alguma coisa mais séria.”

Com a chegada do verão a situação piora e os canais viram depósitos de itens como embalagens descartáveis, latas e garrafas. “Isso para mim é não ter educação. Eles podiam preservar os objetos, pois a água fica suja por causa das pessoas que não cuidam”, finaliza.

Do G1 Santos

(Foto: Jonatas Oliveira/G1)

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